E através da caatinga, cortando-a de todos os lados, viaja uma inumerável multidão de camponeses. São homens jogados fora da terra pelo latifúndio e pela seca, expulsos de suas casas, sem trabalhos nas fazendas, que descem em busca de São Paulo, Eldorado daquelas imaginações. (...)E enquanto eles descem em busca de Juazeiro ou de Montes Claros, sobem os que voltam, desiludidos, de São Paulo, e é difícil, se não impossível, descobrir qual a maior miséria, se a dos que partem ou a dos que voltam.
(...)"
(Seara Vermelha, Jorge Amado)
Todos somos retirantes. Temos em nós um aperto no peito que nos impele a fugir rumo à nossa São Paulo. Somos todos iguais, como esses camponeses. Não sabemos para onde vamos, só temos a intuição de ir, fugir de aflições, misérias...
Andamos contra o vento, "sem lenço e sem documento". Talvez ao som de Caetano, talvez sob a narração de Gárcia Marquez ou Jorge Amado; sem rumo, sem chão...mas o importante é ir de encontro ao desconhecido, num eterno devir.
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